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UFDPar Avança no Fortalecimento da Equidade de Gênero na Educação Superior no Norte do Piauí
Nos últimos anos, a Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) tem se destacado por suas ações efetivas no fortalecimento da equidade de gênero, reafirmando seu compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e aderindo ao Marco Referencial para a Igualdade de Gênero nas Instituições de Ensino Superior no Brasil, aprovado em 2024.
Mulheres na Graduação e Pós-Graduação
No campo do ensino, a UFDPar apresenta indicadores positivos, com destaque para o papel das mulheres. Em 2023, 58,23% dos estudantes matriculados nos cursos de graduação eram mulheres, e o número de diplomadas foi ainda mais significativo, representando 77% dos formandos no ano seguinte. Esses dados revelam uma crescente inserção feminina no ensino superior, especialmente em uma região considerada periférica quando comparada aos grandes centros de pesquisa e formação acadêmica do país.
Na pós-graduação, os números são igualmente impressionantes. Em 2024, 65,5% das matrículas nos programas stricto sensu da UFDPar foram ocupadas por mulheres, que também representam 63,8% dos diplomados. Este crescimento nas áreas acadêmica e científica sinaliza um aumento da presença feminina em áreas de maior qualificação profissional e na pesquisa, contribuindo para uma maior participação das mulheres na ciência regional.
Desafios para a Igualdade de Gênero
Embora os números reflitam avanços importantes, ainda existem desafios significativos. Em áreas como a licenciatura em Matemática e o Bacharelado em Engenharia de Pesca, as mulheres representam 38,7% e 43,88% dos matriculados, respectivamente. Esses dados seguem o padrão global de sub-representação feminina nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Estratégias para superar esses obstáculos e quebrar estereótipos culturais que associam mulheres a áreas de humanidades e licenciaturas se tornam cruciais para garantir uma maior equidade de gênero na formação acadêmica.
Outro desafio crucial é a presença de mulheres negras e pardas, que em 2021 representavam apenas 16% dos estudantes em universidades públicas no Brasil. A sub-representação dessas mulheres nas universidades federais se deve a uma série de fatores, incluindo a falta de referências acadêmicas e a escassa presença de docentes negras e negras nas áreas de ensino e pesquisa.
Mulheres no Corpo Docente
No corpo docente, a UFDPar apresenta uma maior representatividade feminina, com 52,38% de mulheres, um índice superior ao da média nacional, onde as mulheres representam 47,6% dos professores universitários. No entanto, a desigualdade se reflete na titulação acadêmica, com as mulheres representando 46,9% dos doutores, enquanto 60% dos mestres são mulheres. Além disso, embora o número de mulheres no quadro docente seja expressivo, elas representam apenas 35% dos docentes permanentes nos programas de pós-graduação stricto sensu da universidade.
A liderança acadêmica também apresenta desafios. Somente 33% das publicações científicas na UFDPar em 2024 foram de autoria feminina, e as mulheres representam apenas 35,7% dos bolsistas de produtividade acadêmica no CNPq. Esse cenário é um reflexo do "efeito tesoura", em que as mulheres enfrentam dificuldades para alcançar posições de liderança nas carreiras acadêmicas e de pesquisa, apesar do aumento de sua participação nos níveis iniciais da academia.
Políticas de Equidade e Ações Institucionais
A UFDPar tem adotado diversas medidas para promover a equidade de gênero e apoiar a permanência das mulheres na universidade. Entre as ações destacam-se o projeto Maternar na UFDPar, que oferece suporte a mães universitárias, e a implementação de políticas afirmativas que garantem acesso e benefícios a grupos historicamente excluídos, como mulheres negras, indígenas, trans, pessoas com deficiência e mulheres egressas do sistema prisional.
A universidade também lançou a Campanha Institucional “Assédio, NÃO!”, com o objetivo de combater o assédio e a violência sexual no ambiente universitário. Além disso, a criação da Política de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral, Sexual e Demais Crimes Contra a Dignidade Sexual e à Violência Sexual, aprovada em 2024, reflete o compromisso da instituição em criar um ambiente seguro e inclusivo para todas as pessoas.
Caminhos para o Futuro
Embora a UFDPar tenha dado passos importantes para o fortalecimento da equidade de gênero, ainda há muito a ser feito. A implementação de políticas que promovam uma maior diversidade nas áreas de ensino, especialmente nas ciências exatas e tecnológicas, é fundamental para garantir que mais mulheres sigam suas carreiras acadêmicas e de pesquisa sem enfrentar obstáculos baseados em seu gênero ou raça.
Além disso, o fortalecimento das iniciativas que apoiam a permanência das mulheres na universidade, como os programas de apoio à maternidade, e a criação de mais oportunidades para mulheres negras e pardas, também são essenciais para garantir uma educação superior mais equitativa e justa.
Em resumo, a UFDPar está no caminho certo, mas é necessário continuar o trabalho de identificação e superação das barreiras culturais e simbólicas que ainda limitam o acesso das mulheres, especialmente das mulheres negras e de periferia, às posições de liderança acadêmica e à produção científica. O futuro da universidade e da região depende, em grande parte, do fortalecimento contínuo dessas políticas de inclusão e da construção de um ambiente que promova a verdadeira equidade de gênero e racial.